sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Preço do álcool combustível está mais caro em Sergipe

::Luiza Sampaio

Utilizar o etanol extraído da cana-de-açúcar para fabricação do álcool combustível já faz parte do cenário econômico de muitos estados brasileiros. O produto leva vantagem por ser um combustível retirado de uma fonte renovável e não emitir óxidos de enxofre, como acontece com os combustíveis feitos a partir do petróleo, além de ter um custo mais acessível em boa parte do território nacional. Mesmo sendo um estado com extensa área de plantação de cana-de-açúcar e cinco usinas de produção de etanol, o preço do álcool em Sergipe ainda assusta os consumidores.

O superintendente do grupo Samam, Manelito Menezes, responsável pela gestão do negócio da Usina Taquari, localizada no povoado Miranda, município de Capela, avalia esse alto custo como reflexo da mentalidade dos consumidores sergipanos. Segundo ele, o estado, apesar da alta produção, ainda não adotou o hábito de trocar a gasolina pelo álcool combustível, o que encarece o produto. “Apesar de sermos produtores do etanol, não temos o costume de consumi-lo, e isso faz com que ele tenha preços elevados se comparados com outros lugares do Brasil”, explica.

Manelito pontua ainda outros fatores como sendo primordiais para a diferença no custo do combustível. “A carga tributária paga pelas indústrias do estado de Sergipe é bem maior que nos outros lugares produtores do etanol. Aqui, a média chega a 25%. Além disso, é preciso estar atento aos períodos de boa safra de cada região. Quando a safra está no sul, a tendência é que o preço do derivado da cana no nordeste aumente”, esclarece o empresário, acrescentando que esses fatores sobrecarregam o mercado e dificultam a sua propagação.

Apesar das dificuldades enfrentadas pelo setor, o superintendente do grupo Samam se mostra bastante otimista. A aposta dele é que as distribuidoras do produto criem cada vez mais iniciativas que divulguem suas vantagens e plantem a idéia nos consumidores sergipanos. Além disso, ele acredita na exportação do etanol como uma ótima maneira de crescimento para o setor. “Hoje, todos querem comprar. O americano quer comprar, o asiático quer comprar. Então, a tendência é produzir e exportar 100% da produção”.

Não é bem assim

Entretanto, o supervisor técnico do Dieese, Luis Moura, rebate essas afirmações e diz que são justamente essas características que deveriam fazer o preço do combustível diminuir em Sergipe. “Dizer que o álcool está caro porque não tem consumo, contraria uma lei de economia, a lei da oferta e procura. Quanto menor a procura, menor será o preço do produto, para que assim o volume de consumidor aumente”, esclarece, completando que mesmo com o valor caro e não superando a venda da gasolina, hoje o consumo de álcool combustível apresentou um significativo aumento no cenário econômico do Estado.

Moura pontua dois grandes motivos que serviram como incentivo para esse processo. “O primeiro deles são os veículos flex, que possibilitam ao motorista um poder de barganha, o que ele não tinha antes. Com esse novo modelo de carro você pode optar por abastecer com até quatro tipos de combustíveis diferentes”, explica. O segundo ponto é que mesmo estando entre os sete mais caros do país, o álcool combustível no estado ainda é mais barato que a gasolina. “No final das contas, a pouca diferença entre os dois combustíveis reflete em uma grande economia para os consumidores”, ressalta o supervisor.

Dados do Dieese mostram que no ano de 2007, o consumo do combustível chegou a 16.849 m³ e em 2008, esse número atingiu cerca de 29.500 m³, já nos primeiros cinco meses de 2009, o valor alcançou os 18.776 m³. Um aumento bastante expressivo e que comprova o interesse do sergipano em consumir o álcool combustível. Contudo, Moura acredita que essa situação poderia ser bem melhor, visto que a previsão é de crescimento para a safra de cana-de-açúcar 2008/2009, e quanto mais produz cana, mais matéria-prima se tem disponível para o combustível.

Veículos Flex

Os veículos bi, tri e até tetra-flex surgiram no mercado como um ótimo aliado ao consumo do álcool combustível. Dados da Associação dos Veículos Automotores (Anfavea) estimam que 2,9 milhões de carros serão produzidos neste ano e que desses, 70% serão flex, aumentando assim a demanda do álcool. Em Sergipe, aos poucos os motoristas dão a preferência para este modelo de veículo, o que representa um forte impulso a este setor, fortalecendo e estimulando o consumo no mercado interno.

O funcionário público, Marcos Correia, trocou seu carro há quase um ano e optou pelo modelo a álcool. Segundo ele as vantagens foram notórias, tanto para o motor do seu veículo quanto para o seu bolso. “Além de contribuir para reduzir a poluição do ar, meu carro fica com o desempenho melhor e economizo alguns centavos por litro de combustível. Comparando com a gasolina, essa economia cresce bastante no final do mês”, comemora.

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