sexta-feira, 16 de outubro de 2009

AIDS Projeto para detectar gratuitamente a doença em homossexuais desagrada a classe

:: Luiza Sampaio

Uma idéia lançada na cidade do Recife tem causado furor entre a comunidade homossexual. Trata-se de um projeto Intitulado “Quero Fazer”, que consiste em realizar testes gratuitos do vírus HIV em gays que mantém relações sexuais com homens ou com travestis. O que a primeira vista parecia uma iniciativa bem sucedida e repleta de boas intenções, abriu uma discussão sobre a necessidade de testar apenas uma parcela da sociedade, tida como o grupo de risco.



Para o estudante e homossexual que prefere não se identificar, o projeto irá beneficiar a classe, já que muitos são descuidados com a saúde, mas ele acredita que há um preconceito velado nessa iniciativa. “É claro que muitos homossexuais costumam banalizar o sexo e com isso acabam aumentando o risco de contaminação, não só dessa doença, mas como de outras DSTs. Mas essa banalização não ocorre somente com esse grupo”, opina.



Dados do Ministério da Saúde comprovam que hoje o risco de contaminação da doneça é praticamente igual para todas as parcelas da sociedade. A infectologista, Josileide Soares, explica que a distinção entre grupo de risco e de não risco não existe mais. “No começo da epidemia, pelo fato da AIDS atingir principalmente os homens homossexuais, os usuários de drogas injetáveis e os hemofílicos, eles eram, à época, considerados grupos de risco. Atualmente, fala-se em comportamento de risco”, friza a médica.



“Por exemplo, o número de heterossexuais infectados por HIV tem aumentado proporcionalmente com a epidemia nos últimos anos, principalmente entre mulheres”, acrescenta, mostrando ainda quais são os tipos de situação de riscos as quais ela citou. “Relação sexual (homo ou heterossexual) com pessoa infectada, sem o uso de preservativos; compartilhamento de seringas e agulhas, principalmente, no uso de drogas injetáveis; transfusão de sangue contaminado pelo HIV, são algumas das formas”.



Se o risco de contaminação com o vírus HIV é praticamente o mesmo para toda a sociedade, então porque só testar uma parcela dela? Por mais que haja boa intenção no projeto, tanto o homossexual quanto a médica citados na matéria, acreditam que o “Quero Fazer” deveria ser repensado. “A idéia é muito boa, e se fosse feita independentemente da opção sexual da pessoa renderia melhores resultados”, sugere o estudante que espera que o projeto siga em outros estados do Brasil, porém adaptado para uma melhor atendimento à sociedade.

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