sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Mulheres gastam até R$ 1.000,00 em salões de beleza por dia

Unhas de porcelana, escovas dos mais variados tipos, países e sabores, relaxamentos, massagens, tinturas, depilação, descoloração, entre outros. A quantidade de tratamentos estéticos oferecidos nos salões de beleza para mulheres é interminável. E elas, sempre descontentes com a aparência, seguem em busca da perfeição e também lotam os consultórios de cirurgia plástica e dermatologia, onde reina a preferência por lipoaspiração, silicone, drenagens, carboxiterapia, botox e outros tratamentos com a promessa de resolver aquele probleminha. E se inventarem outra alternativa, lá estão elas, adeptas.

E a ida a esses fabulosos centros de beleza começa cada vez mais cedo. Alice Curvello, de apenas nove anos, aproveita as idas de sua mãe Jacqueline ao salão para fazer as unhas, que ela prefere com desenhos de florzinhas, escovar os cabelos e já está pensando também em fazer a sombrancelha, que tem lhe incomodado bastante. “Não adianta falar que ela ainda não tem idade para isso, as amiguinhas na escola fazem e ela não quer ser diferente”, afirma sua mãe. “Uma vez ela deixou de viajar com o pai para ir ao salão comigo no final de semana, porque ia começar as aulas e ela queria estar de unhas feitas”, completa.

Cabelo cacheado¿ Alisa. Mas a promessa da nova estação não são os ondulados¿ Então vamos cachear! Os padrões da moda influenciam cada vez mais na vida das adolescentes e mulheres. As revistas sobre o assunto exibem corpos magros, esculpidos, peles de bebê e cabelos loiros fabulosos e todas com títulos bastante persuasivos: “Tem que ter”, “Tem que fazer”, etc. O cabeleireiro Carlinhos, com mais de 10 anos de experiência tem várias histórias para contar. Uma que ele recorda bem foi de uma mãe que queria que os cabelos da filha ficassem lisos e loiros, sendo que a menina era negra. “É difícil tentar convencer que não vai ficar bem, que não vai combinar, as clientes podem ficar ofendidas”, diz Carlinhos. Situação parecida aconteceu com o tatuador Anselmo. Febre entre os mais jovens, as tatuagens tem espaço cativo nos corpinhos sarados. “Em peles morenas a negras, a pigmentação não fica legal, as cores não são visíveis e o tatuador é que sai com a fama de ruim porque o vermelho não ficou como o cliente queria”, diz Anselmo.

Para a psicóloga Renata Aguiar, esse comportamento reflete as exigências impostas pela ditadura da moda, “as pessoas querem ser aceitas e por isso seguem tanto esses padrões rígidos e que em muitos casos foge completamente do estilo brasileiro”, diz Renata.
Alguns tratamentos chegam a ser dolorosos, tanto na pele quanto no bolso. A depender do local, a cliente pode chegar a desembolsar um pouco mais de R$ 1.000,00 num só dia. Mas elas não estão preocupadas com isso, o importante é a satisfação com o resultado final. Maria Clara Albuquerque sabe bem o que é isso, ela costuma ir à São Paulo só para cortar o cabelo, mas reside em Aracaju. E acrescenta: “Gasto e pronto! Gosto de ser bem atendida e sou bastante exigente”. E quando não fica bom¿ Aí surgem outros problemas, às vezes irreparáveis. Nem sempre as clientes ficam satisfeitas. A advogada Nelma Barbosa conta que passou pela experiência mais traumática de sua vida, quando resolveu fazer uma lipo e por descaso médico quase morre, “a médica não me pediu exame de sangue e eu já estava anêmica e na cirurgia perdi muito sangue, quase perco a vida”.

É natural se preocupar com a aparência e cuidar do corpo, só não vale exagerar e descuidar da saúde. Estabelecer limites para as crianças também é importante, tudo na hora certa. Cabe usar o bom senso na hora de escolher os profissionais e do quanto se pretende gastar.

Renata Ribeiro

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